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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

VIVER DE APARÊNCIAS

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Como as nossas vidas seriam mais simples e alegres se não vivêssemos de aparências.

 

Quantos de nós, quando poisamos, à noite, a cabeça na nossa almofada, tiramos a máscara que usámos durante o dia podendo, finalmente, enfrentar a nossa realidade, choramos.

 

Tirar as máscaras não é fácil para aqueles que se habituaram a usá-las e, hoje em dia, quase todos nós, usamos uma máscara de aparência, entre pais e filhos, entre irmãos, na família, no trabalho, entre namorados, entre amigos e, por vezes até, entre mulher e marido. Penso tantas vezes: - como é que ainda nos reconhecemos ?

 

Tudo é vacuidade ! Os casais fingem amor e ternura, frente aos outros; amigos fingem intimidade e cumplicidade entre eles; os empregados fingem entender os chefes ou os patrões e estes fingem reconhecer mérito no trabalho daqueles, quando, muitas vezes, os invejam pela competência; filhos fingem concordar com as regras dos pais, e estes fingem acreditar neles.

 

Colocamos máscaras para sermos bem vistos pelos outros, para nos destacarmos, para conseguir algum benefício, por medo de não agradarmos, de ficarmos sozinhos ou sermos magoados, para controlar ou dominar uma situação e até mesmo para nos escondermos de problemas internos que não queremos enfrentar, mas que precisam ser enfrentados para serem resolvidos.

 

Depois, quando ficamos a sós com o nosso “grilo” lamentamos a falta de atenção dos nossos maridos ou mulheres, dos filhos, a falta de solidariedade dos amigos e colegas de trabalho, dos familiares ? Quantos de nós choramos e lamentamos ter de fingir uma alegria e felicidade não sentidas ? Por que preferimos viver de aparências, do que, tão-somente, assumirmos as nossas frustrações,  tristezas, desilusões, e aprendemos a viver com elas ?

 

O grande problema com as máscaras é que elas acabam por se tornarem uma prisão. Quem se habitua a fingir a ser o que não é, pensa ter que fingir sempre para não perder a aprovação dos outros e isso acaba por tornar-se um fardo muito pesado na nossa vida, pois “é impossível fingir para todos todo o tempo”. Ninguém pode ser completamente feliz tentando ser o que não é.

 

E vamos somando dias à nossa vida, sem “vivermos” os dias que passam.

 

Se nos dermos ao trabalho de reparamos nalgumas pessoas à nossa volta, quantos vezes julgamos algumas delas, desinteressantes, sem graça, porque não vivem em euforia, não frequentam os últimos sítios da moda, não publicam a sua intimidade nas redes sociais, nem vivem a 400 kms. à hora ? Quantas vezes estas pessoas, no silêncio da sua sala, no sossego de um jantar a dois, num passeio com a família ou com os amigos, sem grandes exibições, são bem mais felizes e autênticos ?

 

Todos nós sabemos que a felicidade não é um dado adquirido, não é um estado permanente. Todos vamos ter dias em que vamos chorar, que serão negros, que vamos sentir tristeza. Mas haverá alguma coisa , que nos faça sentir melhor que aquela conversa sincera e honesta, ou aquele abraço apertado entre pais e filhos, ou entre amigos, aquele ternura que sentimos por aquela criança que não conhecemos, mas encontramos na rua, aquele beijo sentido dado e recebido de quem amamos? E mesmo quando estamos sós,  tristes, frustrados, ao olharmos a beleza de uma noite de Lua Cheia, ou de um pôr-do-Sol sabermos que ele nascerá de novo, pela manhã, para trazer-nos o renascer da esperança ?

 

Na vida nem tudo é um permanente arco-íris, mas se aprendermos a viver e a experienciar a nossa verdadeira realidade, sem máscaras, sem fingimentos encarando a verdade das nossas vidas, saberemos que sempre vale a pena continuarmos a viver, a sorrir e a amar.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Imagem : Web