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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Detalhes não são "mariquices" - A elegância do comportamento.

Avec Elegance - Martha Medeiros.jpg

Hoje em dia a maioria das pessoas que têm acesso à informação sabe que é  uma piroseira (peruíce) usar uma blusa de “paetês”  (lantejoulas) às duas da tarde, e que é deselegante comparecer num casamento sem gravata. Os jornalistas especializados na "Arte de Saber Estar" sabem como ajudar os outros a não cometerem “gaffes” na hora de se vestir, de se comportar, ou de estar à mesa. Mas existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, seja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.

 

É um dom que vai muito além do uso correcto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza. É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de nos deitarmos e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.

 

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam, nas pessoas que escutam mais do que falam, e, quando falam, passam longe dos mexericos, das pequenas maldades ampliadas no "diz-que-diz", no boca à boca.

 

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao dirigir-se  às empregadas domésticas, aos empregados de mesa ou aos recepcionistas, nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros. É possível detectá-la em pessoas pontuais.

 

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem dá um presente sem data de aniversário por perto, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma telefonema, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está a ligar e, só depois, manda dizer se está ou não está.

 

Oferecer flores é sempre elegante. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar o seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em conversas informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade.

 

Apelido, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Pode-se  tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

 

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que não depende do “status” social: é só pedir licença para o nosso lado brucutu (*), que acha que “com os amigos não temos de ter estas "mariquices”. Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão um dia desfrutá-la. A educação enferruja por falta de uso. E, detalhes não são “mariquices”.

 

(*) “Brucutu” é uma gíria que significa homem grosseiro, rude, bruto. A palavra Brucutu teve origem no principal personagem da revista de histórias aos quadrinhos, do mesmo nome do personagem. A historia foi criada nos Estados Unidos, pelo cartoonista Vincent T. Hamlin, no ano de 1930.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

 

Adaptação de um texto de Martha Medeiros