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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

SINTO A FALTA DE TER MÃE, SINTO A FALTA DE SER FILHA

Sinto falta de ter mãe - sinto falta de ser filha

Dizem que quando um filho nasce, nasce também uma mãe.

O mesmo acontece quando uma mãe morre, morre um filho também.

 

No ano de 1997 já não comemorei o Dia da Mãe.

Vem isto a propósito de um texto que li, faz tempo, com o qual me identifiquei. Na realidade, não há ninguém de quem eu sinta mais saudade do que da minha mãe, que partiu no dia 5 de Abril de 1997, numa madrugada de um sábado triste. Ficou a saudade. Ficou a certeza de que, com ela, foi uma grande parte de mim, e, desde então,  o mês de Abril passou a ser o pior mês do ano para mim.

Sinto falta de ter mãe - sinto falta de ser filha 3

 

Há 20 anos que eu não sou uma filha da forma que, só uma mãe, sabe fazer sentir uma filha.  Uma  forma que é bem diferente da forma de um pai (o meu, infelizmente, também já partiu), mas que nunca conseguiu substituir, nem ocupar o espaço, nem fazer diminuir a dor que ela me deixou. O colo é diferente, o olhar é diferente, o carinho, a forma de se mostrar preocupado ou orgulhoso, os conselhos e até as censuras são diferentes.

No mês de Abril dói mais – e muito! Sinto a sua falta em situações tão diferentes, que é quase uma presença. Sinto a sua falta quando me canso de ser adulta; quando me canso  de ser uma mulher forte e, afinal,  só querer colo. Sinto a falta de um sorriso, de um abraço seu, quando estou feliz e as coisas me correm bem. Ela sorria tanto e era tão bem humorada, que, mesmo tendo estado doente durante muito tempo, só consigo lembrar-me dela a sorrir. E como era lindo o seu sorriso.

Sinto falta de ter mãe - sinto falta de ser filha 4

 

Nestes 20 anos, lamentei não a ter por perto tanto nos momentos felizes, como nos mais tristes que tenho vivido. E sempre me lembro dela, mesmo nas mais pequenas coisas. É, por isso, que a homenageio, hoje, com este texto.

Sinto-me sempre muito feliz, grata e honrada, quando as pessoas encontram semelhanças entre nós duas. Desde o modo de andar até a forma de fazer humor, no tempero da comida, até na forma de vestir.

Desde 1997 que não comemoro o Dia da Mãe. Sempre que alguém, meu conhecido, perde a mãe,  tenho vontade de dizer que essa dor vai passar ou diminuir com o tempo, da mesma forma  como queria dizer-lho a si, que está a ler este texto, mas, infelizmente, não posso. Os anos amenizam, mas não curam esta dor. Há dias em que paro para pensar na quantidade de coisas que já vivi e ela não viu, que me parecem ser bem mais do que 20 anos, que ela já não está aqui. Noutros dias, dói tanto que parece que ela se foi embora ontem.

Sinto falta de ter mãe - sinto falta de ser filha. 1

 

Mas há uma coisa que eu sempre digo aos meus amigos, e que preciso dizer agora que é: aproveite muito a sua mãe enquanto a tem. Dê-lhe valor, carinho e amor. A minha mãe aborreceu-se vezes sem conta comigo e, até disso, sinto falta, como vai sentir também.  

Vai sentir saudade de ter mãe, vai sentir saudade de ser filha.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Imagens : Web