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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Eu não dei por esta mudança

Eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?

 

[Cecília Meireles]

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 Arte : Pintura de Norman Rockwell (1894 - 1978) pintor e ilustrador norte americano. Normen Rockwell lustrou 323 da revista The Saturday Evening Post .

CURANDEIRAS, BENZEDEIRAS, FEITICEIRAS - SÁBIAS DESAPARECIDAS ESTÃO DE VOLTA

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As curandeiras ou benzedeiras  fazem parte de um antigo arquétipo da humanidade. Em todas as lendas e mitos, quando há alguém doente ou com dores, sempre aparece uma mulher idosa para oferecer um chazinho, fazer uma compressa, dar um conselho sábio. Na verdade, a mulher idosa é um arquétipo da ‘curandeira’, também chamada nos mitos Grande Mãe.

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Estas mulheres sábias, que por muito tempo andaram escondias, ou até mesmo desaparecidas, regressam hoje,  com um diploma de pós-graduação nas mãos e um sorriso maroto nos lábios. O seu saber, os seus conhecimentos mudaram de nome. Chamam-se hoje: Terapias Alternativas. Medicina Vibracional, Fitoterapia, Homeopatia, Florais, …são reconhecidas e respeitadas. Muitas têm os seus consultórios e dão palestras.

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“Toda a mulher é parecida com uma árvore. Nas camadas mais profundas da sua alma ela abriga raízes vitais que puxam a energia das profundezas para cima, para nutrir as suas folhas, flores e frutos. Ninguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida. Mesmo quando são cortadas, tolhidas, retalhadas, das suas raízes ainda nascem rebentos,  que vão trazer tudo de volta à vida outra vez”, escreveu um dia Clarissa Pinkola.

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Por isso, as mulheres entendem e conhecem as plantas que curam; compreendem os ciclos da Lua, das estações que vão e vem ao longo da roda do Sol pelo céu. Elas têm um pacto com essa fonte sábia e misteriosa que é a Mãe Natureza. Prova disso é que sempre se encontram mulheres nos bancos das salas de aula, prontas para aprender, para recomeçar, para ampliar sua visão interior. Elas não param de voltar a crescer…

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Nunca escrevem tratados sobre o que sabem, mas como sabem Coisas! Hoje os cientistas estão a descobrir o que as nossas avós já diziam: as plantas têm consciência! Elas são capazes de entender e corresponder ao ambiente à sua volta. Converse com o “dente-de-leão” para ver… comunique com as plantas de seu jardim, com as flores nos seus vasos, com as suas ervas e raízes. O segredo é sempre o AMOR.

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A verdade é que, no fundo, todas as mulheres são curandeiras.  Mais evidente numas que noutras, todas as Mulheres têm uma força, que alimenta de bondade todos aqueles que as rodeiam, que olham com olhos serenos a vida, que são sinceras com a sua identidade, que curam com um beijo…

 

Uma curandeira é aquela mulher cheia de energia, que infunde e transmite carinho, que abraça o amor com mais amor, que sabe guardar segredos, que vai fundo, que conhece o perdão, que vive em graça, que ensina a saber.

 

Uma curandeira é humana, compreensiva, conhecedora do seu poder, da sua inspiração, da sua permanência, do seu caos e ordem, defensora da sua vida, das suas necessidades, dos seus sonhos e das bagagens das suas lembranças.

 

Portanto, uma mulher curandeira é aquela que onde passa, fica. É aquela que colhe sempre do coração, que pisa forte, que é consciente do que ocorre ao seu redor, que é decisiva.

 

Não conhece a perfeição nem a imperfeição. Simplesmente É. E com essa potência ajuda os outros a SEREM, mas para isso é necessário vocação, uma luta com os seus juízos, um conflito com o seu entorno.

 

Ser uma mulher curandeira nem sempre é fácil, há que lutar muito. É preciso lutar contra tudo aquilo que não permite sentir o que cada momento transmite, que tenta mudar os direitos, que tenta submeter os seus sonhos, que menospreza a sua necessidade.

 

Portanto, ser uma curandeira também é saber dizer basta, não permitir a escravidão, ser uma só, não necessitar, mas amar sem medida e acima de qualquer coisa. A partir daí, encontramos a balança que hipnotiza o equilíbrio emocional da MULHER.

 

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Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Texto adaptado  partir do texto de Mani Alvarez (*)

 

Imagens : Tasha Tudor e Web

 

(*) Coordenadora do curso de pós-graduação em Práticas Complementares em Saúde

       Artigo foi publicado pelo Jornal 100% Vida de Maio/2012

CARTA A UMA VELHA

Um dia, quando eu for velha (e os anos passam tão depressa), quero que me olhem e sintam orgulho de todas as minhas tentativas de viver a vida conforme os meus princípios, conforme a minha vontade.

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E, se eu puder deixar um recado para essa mulher que serei então, peço que ela seja doce, que mantenha alguma alegria (ainda que a amargura lhe seja tentadora), que ela possa ver ainda, quão bela é a vida.

Mulher no espelho

Que ela possa ver alguma beleza em si mesma, mesmo quando o seu rosto estiver enrugado, os olhos um pouco apagados, que ela se lembre do quanto achava ridículo, que as mais velhas não soubessem perceber que a juventude há muito ficara para trás e não caia na armadilha de tentar ser aquilo que não pode mais ser. Que ela se lembre deste tempo de hoje, e aceite essa outra forma de beleza, com ou sem dores, mas com muita dignidade.

 

Que ela tenha mãos firmes para passar um pó-de-arroz e, quiçá, um delineador. Que ela continue a saber o valor de um momento, de um bom perfume, de um penteado bonito, de um vestido elegante. Que não caia na tentação de vestir-se como uma velha ou – pior – que não caia no ridículo de usar roupas parecidas com as das jovens.

 

Que ela não implique com a vida, com o tempo, com as pessoas. Que ela saiba rir da vida e de si mesma. Que ela possa, ainda, fazer os outros rir.

 

Que ela não cobre do seu companheiro (se o tiver), do filho, dos netos, dos amigos, mais do que eles lhe poderão oferecer. E que, caso lhe ofereçam  muito pouco, que isso não a amargure; mesmo que seja infinitamente injusto e cruel – e deve ser –, que ela possa aceitar a situação sem dramas,  antes com inteligência. Que ela consiga continuar a interessar-se por assuntos, que ela tenha prazeres e encantamentos, sabedoria e discernimento.

 

Que ela continue a ler bastante, para que ela possa achar assuntos nos jornais, nas revistas, nos novos e nos velhos livros, que lhe permitam continuar a escrever. E, se não lhe restar amigos, ou amores, que o conhecimento a salve de uma rotina infinitamente maçadora e comprida.

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Que ela continue a apreciar as flores, a música, a comida, uma bebidinha ao fim da tarde, ou qualquer uma dessas coisas oferecidas em abundância pela vida, porque, mesmo que lhe falte o resto, ainda terá a visão, o som ou o gosto do que a fará feliz.

 

Mesmo quando estiver debilitada, não queira que sintam pena dela, queira antes que olhem para ela e digam: ela é forte, ela vai vencer mais essa!! E não duvido. Ela vai vencer, porque ela não vai querer que a levem como um “embrulhinho” de casa em casa. Deixa-na ficar no seu cantinho, "deixa-na ficar na dela". Todos sabem quanto ela  valoriza a liberdade e não só a dela, mas, sobretudo, a dos outros.

 

Que não se sintam responsáveis por ela. Ela retira-lhes essa obrigação. Solta-vos. Liberta-vos. Ela quer que vivam as vossas vidas, que trilhem os vossos caminhos, que amem os vossos amores, que se formem, que trabalhem, que tenham êxito. Ela quer que sejam corajosos, que sonhem muito, que sonhem alto! Que sejam gentis, que retribuam sorrisos, que compartilhem bons momentos, que cuidem do corpo, mas que não esqueçam da  alma. Que não se prendam a dogmas, que não julguem nada, nem condenem ninguém. Que  não acreditem em tudo o que lhes digam, que procurem antes pelas respostas. Que usem o poder que cada um tem dentro de si, porque podem tudo! O impossível não existe, mas é preciso crer!

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E, enfim, se eu puder deixar um último recado a essa velhinha que eu serei, peço que ela se lembre da menina que foi um dia e que seja gentil com essa garota, com os seus próprios erros, acertos, escorregadas e tentativas vãs. Que ela não seja demasiado rígida com a vida, nem com a mulher atrevida que, um dia, se sentou num jardim ensolarado para lhe deixar uma pequena carta, cheia de palavras e ideias que, talvez então, já  não façam o menor sentido.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

(Texto adaptado)

 

Imagem : Web e shutterstock.

Macarons Ladurée vs. Pastel de Bacalhau com Queijo da Serra

Adoro macarons. Ponto.

Sempre que um amigo visitava a “cidade luz”, era inevitável o meu pedido:

- Traz-me um caixinha de macarons “Ladurée” …

 

Caixa com macarons

Bom, mas comecemos pelo princípio.

Ontem fui lanchar, com a minha querida amiga Micá, ao famoso espaço Ladurée. 

Combinámos o nosso encontro à porta da Ladurée e, pese embora o facto da entrada ficar quase escondida,  é num espaço privilegiado, contíguo à  loja da Fashion Clinic, que a famosa marca de pastelaria francesa abriu o seu primeiro espaço, no coração de Lisboa, em plena Avenida da Liberdade.

Esplanada Ladurée

Embora a Ladurée já tivesse chegado a Lisboa, numa versão tímida, num pequeno balcão dentro do restaurante JNcQUOI, na porta ao lado, só a partir do passado dia 2 de Novembro a loja  parisiense abriu, realmente, portas na nossa cidade.

Inspirado nas elegantes casas francesas e em consonância com as linhas da marca parisiense, o novo salão de chá promete tornar-se no novo espaço trendy dos portugueses.

Chez Ladurée

Para quem já viu o famoso filme Marie Antoinette, sabe que a rainha era incapaz de viver sem os seus macarons - pastelaria tradicional francesa (e eu percebo bem porquê!).  É por isso que eu acho que Antoinette se sentiria em casa neste novo salão de chá Ladurée. 

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Os armários e vitrines parecem ter parado no tempo, mais precisamente em 1862, ano em que o senhor Louis Ernest Ladurée abriu a primeira padaria em Paris. O bronze dos candeeiros e as pequenas esculturas suspensas no tecto dão um toque moderno ao espaço que, apesar das apertadas regras da casa-mãe, teve direito à presença da cultura portuguesa com painéis de azulejos com motivos florais rosa (um elemento português que não se repete em nenhum outro salão de chá da Ladurée), a que  se juntaram espelhos que convivem com painéis de madeira de inspiração árabe - moucharabieh - e veludos. A paleta de cores varia entre tons de rosa, verde e cinzento. As poltronas e os sofás aveludados completam a experiência sensorial. Esta decoração elegante e confortável, essência da marca parisiense, integra um balcão-quiosque ao centro do espaço e uma pequena esplanada.

Mosaico LaduréeSegundo David Holder, presidente da marca,  “a decoração é toda virada para um público feminino, num espaço elegante e aconchegante, que faz lembrar as festas de chá da corte francesa."

 

Um pouco de história. Foi em meados do século XX que Pierre Desfontaines, primo de Louis Ernest Ladurée, fundador do salão de chá em 1862, teve a ideia de unir duas bolachas (macarons) e recheá-las com ganache. Os ingredientes base são as amêndoas, os ovos, o açúcar e a imaginação dá conta do resto. 

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A icónica casa de pâtisserie française, mestre na arte de fazer macarons, trouxe para Lisboa este arco íris de sabores, que nos remetem para a nossa infância feita de cores fortes como os vermelhos, os rosas, os laranjas e os amarelos, patentes nas suas vitrines, onde tanto brilham os famosos macarons, como os provocantes bolos.  Aqui os olhos são os primeiros a comer, mas também os primeiros a lidar com dilemas fracturantes: Cydonie ou Café Olé? Plaisir Sucré ou Tarte de Framboesa e Maracujá? Em caso de dúvida os macarons (nos sabores: maracujá, pistácio, limão, pétalas de rosa, chocolate, chocolate laranja, caramelo, castanha, framboesa, flor de laranjeira, morango papoila… ) estão logo ao lado para o caso de não se chegar a nenhuma conclusão. A escolha será sempre difícil.

Gourmandises

Para além dos doces, o espaço propõe um extenso menu de viennoiseries(*).

viennoiseries

Se, pelo contrário, preferirmos comer outro tipo de iguaria, este vai ser o espaço ideal. Aqui podemos experimentar o célebre Croque-Monsieur, com peru, queijo francês Emmental e molho Mornay, outras  refeições mais ou menos ligeiras e uma selecção de chás, cocktails e champagne.

Embora os macarons sejam o cartão-de-visita da Ladurée e dominem parte da decoração da casa de chá,  esta é, precisamente, uma 'Casa de Chá' e, por isso, há que experimentar a selecção proposta (que varia entre os 5,50 e os 6 euros) e que vai da "Especial Infusão Ladurée" que consiste em chá preto da China, citrinos, flores, especiarias e baunilha a infusões com nomes régios ("Marie-Antoinette", chá preto da China, pétalas de rosa, citrinos e mel; "Joséphine", chá preto da China, tangerina, toranja, laranja, limão e flor de jasmim; ou "Roi Soleil", chá verde, bergamota, ruibarbo e caramelo); ou a nomes de personagens de Shakespeare, como "Othello", chá preto da Índia, canela, cardamomo, pimenta e gengibre. 

Thés Ladurée

 Mas há mais. É sabido que o chocolate quente (7€) da casa é qualquer coisa de insubstituível….

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Se não se quiser sentar, a entrada do salão de chá está cheia de opções para levar, desde as caixas de macarons (mas atenção aos preços) aos chás, passando pelas compotas de variadissímas frutas. Seguramente que,  daqui a umas semanas, estas opções de presentes vão estar a fazer sucesso debaixo de tudo o que é árvore de Natal...

O que muita gente não sabe é que nem tudo na histórica pastelaria parisiense é para comer ou beber. A linha "Les Secrets Ladurée" também veio para Lisboa. É composta por porta-chaves, sacos e velas, a única forma de sair da Ladurée com uma coisa que vá durar mais do que uma hora.

Les secrets Ladurée

Depois da descrlção vamos à sensação

A Micá e eu pedimos quatro macarons, nos sabores: Caramelo, Chocolate Laranja, Pétalas de Rosa e Pistácio - 8,40 € os quatro -  e dois chás. Para a minha amiga o Joséphine /5,50€ e para mim o Roi Soleil/6,00€, que são absolutamente fantásticos. 

Micá….

Embora não seja um espaço que a maioria dos portugueses possa frequentar regularmente, considerando as nossas magras bolsas, ainda assim, com alguma moderação nos gastos, é possível visitar.

Gostámos do atendimento dos funcionários, embora ainda nos parecessem algo desorientados, e eu, particularmente, achei o gerente de loja demasiado sisudo.

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Só uma pequena informação. Se estão a pensar lanchar lá ao domingo, esqueçam. Estão encerrados.

 

Aproveitando o tempo fantástico (infelizmente, digo eu) que se fazia sentir em Lisboa, fomos descendo pelo nosso antigo "Passeio Público". 

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No Rossio vimos as flores e a tuna dos alunos do IADE e lá continuámos, Rua Augusta abaixo, num mar de gente, até ao recém-famoso:

"Pastel de Bacalhau com Queijo da Serra". 

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Naturalmente que é um produto muito polémico, com ardentes defensores e fervorosos detratores..

Por nós (a Micá e eu), depois de termos palmilhado algumas centenas de metros, quiça quilómetros, soube-nos muito bem o pastelinho (que é como quem diz pastelão +/- 140 grs.), acompanhado de um copinho (cálice, melhor dito),  de Vinho Madeira,

Pastel de Bacalhau com Queijo

O enjoo foi mesmo a obscenidade do preço. Quatro (4) euros por um pastel de bacalhau e cinco (5) eurinhos, por um cálice de Madeira, ou seja,  9,00 € no total, achei uma pouca-vergonha, uma indecência, uma imoralidade (não me lembro de mais nenhum sinónimo). Ainda por cima logo eu que sei quanto se gasta para fazer "pastelinhos ou pastelões de bacalhau", mesmo que recheados com o mais genuino Queijo da Serra da Estrela, com DOC (denominação de origem controlada). 

Mas, em bom rigor, se pagámos 2,10€ por um macaron franciu, que pesa +/- 25 grs,, porque razão estou a protestar por o pastel de bacalhau portuga, que pesa 140 grs.,  ter custado 4,00€ ???

 

 No final o que ficou foi: um dia maravilhoso. A repetir

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 (*)"Viennoiserie" é o termo usado em França para designar qualquer tipo de folheado: croissant, pain au chocolate, chausson, pain au raisin...

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Imagens : Maria do Carmo Albino,  MPM e Web

 

 

 

 

 

 

Não se desiste do que se quer, desiste-se do que dói!

 

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Há alguns anos, vivendo uma relação conturbada, cheia de altos e baixos e muito desgastante, desisti do que julgava ser um grande amor.

É claro que sofri durante algum tempo, mas descobri que de vez em quando é melhor cortar pela raiz do que carregar uma vida inteira de sofrimento.

Desistir  - de alguém, de alguma situação, de algum sonho ou plano-  é uma das decisões mais difíceis de se tomar, pois é um pacto que se  faz com a razão, com a necessidade de seguir em frente com menos dor e mais amor próprio, mas nem sempre está de acordo com a emoção, com a parte de nós mesmos que ainda quer viver amarrada àquele lugar que já fez parte do que somos.

Desistir é uma escolha, mas nem por isso é algo simples ou fácil, uma vez que impõe a quebra de contactos com aquilo que um dia amamos, com aquilo que um dia cuidamos para que não morresse, com aquilo que julgávamos parte de nossa identidade.

Desistir do que dói, dos lugares onde não cabemos mais, das histórias que torcíamos  para que dessem certo,  mas que não deram, dos amores que nos tornam pessoas piores do que, realmente, somos.

Muitas vezes, desistir de um amor é dizer “sim” a si mesmo. É reconhecer que nem sempre aquilo que julgamos “perfeito” é realmente ideal na nossa vida. É entender que alguns amores permanecerão na memória, mas nunca sobreviverão no dia a dia. É dar chance a um caso de amor recíproco consigo mesmo.

Desista de um amor se ele deixou de ser servido numa bandeja de prata, e só sobraram restos que insistimos em aquecer em banho-maria; desista de um caminho se ele não lhe traz satisfação nem significado; desista de uma rotina se ela não a torna uma pessoa melhor e só restam dúvidas a respeito de si mesma; desista de uma culpa  ainda não se absolveu; desista de uma mágoa perdoando quem a feriu, entregando o seu coração a Deus.

Ouvimos muito que não se deve desistir dos sonhos, mas de vez em quando é necessário uma boa dose de humildade para admitir que não há mais nada a procurar, que a antiga expectativa necessita de um “basta”, que o primitivo anseio foi por água abaixo. Se há tantos outros sonhos a serem vividos, por quê insistir em habitar os mesmos velhos sonhos que não se concretizaram como  gostaríamos?

Não desistimos do que queremos, desistimos do que dói. Dos laços que magoam, da indiferença que maltrata, da inconstância que perturba.

E, finalmente, descobrimos que desistir pode ser parte da nossa força também, pois a construção da  nossa felicidade depende daquilo que deixámos pra trás ou permitimos que se despedisse de nós.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

(Texto adaptado de um original de Fabíola Simões)

 

Imagem : Web

Meia idade: Anjo ou Demónio ?

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Entre a chegada da menopausa e o final da vida, as mulheres têm, actualmente, ainda muitos anos tempo pela frente.Com os avanços da medicina e o prolongamento do tempo da vida, após a menopausa há ainda muito futuro e vitalidade no horizonte. A menopausa e a velhice coincidiram durante muito tempo na História e entrar na menopausa significava estar bem próxima da morte. No entanto, embora o processo de envelhecimento se acentue a partir da menopausa, as duas coisas, nos dias de hoje, já  não se sobrepõem.

A actriz e escritora Fernanda Torres, ao escrever (Folha SP (25/9/15) sobre o seu aniversário de 50 anos, fala da apreensão pela proximidade do “papão” da menopausa. O artigo fez sucesso entre as mulheres, muitas comentaram e compartilharam nas redes sociais. A menopausa é, em geral, não é um assunto muito encontrado nos jornais e revistas, embora, hoje em dia, já se fale dele mais frequentemente. No seu artigo, Fernanda Torres, também, faz referência a  essa mudez, que é das mulheres, da imprensa falada e escrita, dos médicos e da sociedade em geral. É incrível o quão pouco se fala, conhece e publica sobre a menopausa numa época em que quase tudo o que diz respeito à saúde está diariamente em análise! Na  sua coluna na Folha ‘Calores femininos’ (26/2/15), Drauzio Varella fez a seguinte observação: “O desconhecimento enciclopédico desse aspecto da fisiologia humana só tem uma explicação: acontece com as mulheres.”

Pois é, cabe a nós mulheres, principalmente, quebrar esse silêncio e enfrentar esse tabu!

Será que podemos fazer esta passagem na nossa vida, difícil em muitos aspectos, sem interpretá-la somente com um sinal negativo, exclusivamente como um sinal de perdas e danos, sem que encarne o ‘papão’ ou o ‘demónio da meia idade’?

Numa época em que é cada vez mais comum mulheres e homens recomeçarem a busca por uma nova relação afectiva já na meia idade, é possível para as mulheres manterem a sensualidade, a vida amorosa e sexual e a feminilidade nas décadas entre o início da menopausa e o final da vida, ou atira-se a toalha?

Freud, o pai da psicanálise, afirmou que na menopausa há um aumento de libido. Como assim?! A libido não escorre pelo ralo na menopausa?! Pois é, contra tudo e contra todos, foi o que ele observou no seu trabalho clínico. Alguns estudos antropológicos intervêm em seu favor. Está comprovado que os sintomas da menopausa variam enormemente nas diferentes culturas. Em várias populações indígenas, por exemplo, é comum um aumento da vida sexual justamente com a chegada da menopausa. Entre as índias americanas Mohave, a vida sexual segue de vento em popa e as mulheres de meia idade encontram com facilidade maridos jovens. Nalgumas tribos brasileiras, a menopausa é desejada e esperada pelas mulheres, pois significa a libertação da responsabilidade com os filhos e de restrições sociais impostas às jovens que ainda menstruam.

Em França, uma pesquisa sobre os comportamentos sexuais depois dos 50 anos, revela que há um ganho de prazer sexual com o avanço da idade nas mulheres, como se o envelhecimento pudesse proporcionar um melhor conhecimento dos desejos e dos prazeres sexuais.

Como é possível relacionarmo-nos com o nosso corpo, com o tempo que temos pela frente, com os outros ao nosso redor e com o mundo, nesta nova fase da vida? Como podemos pensar a respeito de aberturas e possibilidades neste novo período da vida das mulheres?

Todas as mulheres têm um marcador universal que sinaliza o início de um novo ciclo na vida. Esse marcador é a menopausa. Uma vez feito o luto das perdas inevitáveis, como o do frescor da juventude e da possibilidade de engravidar e ter filhos, um novo usufruto da vida pode surgir e com uma qualidade surpreendente.

A menopausa é o início de uma segunda fase da vida adulta que pode durar mais 10, 20, 30 anos. E que, como todas as etapas da vida, merece ser aproveitada e bem vivida!

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

 

Texto adapatdo do artigo de Helena Albuquerque (*)

 

Imagem : Correio Brasiliense

 

(*) Psicanalista do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae; Mestre em Psicologia pela USP.

Só há uma coisa que me irrita mais do que me perguntarem a idade: é ver octogenárias a saltar de paraquedas.

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Cansei-me destes clichês da terceira idade: octogenárias a saltar de paraquedas

 

Só há uma coisa que me irrita mais do que perguntarem a minha idade: é ver octogenárias a saltar de paraquedas. Cansei-me desses clichês imagéticos da chamada terceira idade. O que pretendem com isso? Melhorar a auto-estima dos idosos? Sinalizar que a velhice não é o fim de linha? Que é tempo de ousar? Devo confessar que, para mim, essas tentativas são inócuas. Primeiro porque a minha auto-estima vai bem, obrigada, depois, porque não sou o tipo de pessoa alimentada por pretensões desportivas. Paraquedas? Nem aos 20 e nem agora, que já passei dos 50. Prefiro rever algum filme do Fellini.

Há outros clichês bonitinhos, mas também irritantes. Velhinhos e velhinhas “supercool”, com roupas originais, meio hippies serôdias (hipongas) ou de marcas de estilistas famosos (grife), sempre em poses modernas, chapéus e enfeites (badulaques) nas ruas de Nova York, que conseguem sempre muitos likes no Facebook. Gosto de ver, porque tenho um aguçado sentido estético, o belo e o subversivo sempre me atraíram, mas o peso dessas imagens como inspiração? Dois gramas.

E o que é que me me inspira? Conteúdos que me façam sonhar, que mostrem o lado bom das pessoas, que exibam um mundo mais humano, que ampliem os meus horizontes extra-sensoriais, que me actualizem com sugestões criativas para empregar o meu tempo livre. Fico empolgada ao saber que posso trabalhar num hotel flutuante no canal do Panamá, ajudar a traduzir para o português o site de idiomas de um australiano na Grécia ou cuidar dos jardins (e desfrutar dos arredores medievais) de uma propriedade no interior da França, onde trocamos trabalho por comida e hospedagem. Isso é economia colaborativa.

Quero conteúdos que me conectem com tecnologias incrivelmente rápidas  para eu conseguir acompanhar, mas não me interessa saber se o Obama tem conta no Spotify. Os meus amigos e eu queremos entender, por exemplo, como se faz para produzir e editar um vídeo e depois coloca-lo no youTube.

Nós queremos é  fazer parte desta revolução digital, queremos contar as nossas histórias, experimentar os nossos talentos noutras áreas, trocar ideias com pessoas de todas as idades,  integrarmo-nos nos problemas sociais, ter lições de empreendedorismo; Queremos aprender a lidar com as novas formas de trabalho e de remuneração; saber como funciona esse tal  "crowdsourcing"(1), que é fruto da criatividade colectiva.

Aliás, contem connosco para fermentar essa criatividade. Este grupo de cinquentões, sessentões tem muito conhecimento acumulado para compartilhar. Nós só estamos meio perdidos tentando encontrar as pontes e as portas que nos conduzam a essa rede colaborativa, onde os nossos talentos sejam valorizados. Precisamos de conteúdos que nos habilitem para essa caminhada, que nos transformem em nodos(2) dessa rede. Conteúdos que tragam ferramentas não só para a vida profissional, mas também para o autoconhecimento. Palestras, encontros, cursos que nos dêem suporte psicológico e espiritual.

E, naturalmente, que espiritual não está necessariamente relacionado com a religião. Tem a ver com força pessoal, equilíbrio psíquico, serenidade para aceitar a circularidade do tempo, coragem para construir um novo modelo mental.

A crise existencial que o processo de amadurecimento traz é inerente ao ser humano. Segundo Jung, é na meia idade que nos sentimos mais aptos a reorientar a nossa consciência espiritual e os nossos paradigmas. Quem não quer aumentar a sintonia com os mais caros valores universais? Quem não quer ser digno, ético, paciente, atento, solidário, amoroso, altruísta? Quem não quer ser autónomo para ampliar o seu universo de aspirações?

Quero evoluir espiritualmente, abrir mão de cobranças, de preconceitos, de lamentações, de traumas do passado. Quero consumir com consciência, abrir mão do supérfluo, inclusive nos relacionamentos. Quero ouvir com qualidade o meu interlocutor, desligar o botão do julgamento, ser tolerante com meus erros e mais generosa com as fraquezas alheias. Quero entender as similaridades entre a cabala e o xamanismo, entre meditação e “mindfulness”(3).

Quero cuidar e ser cuidada, quero olhar o meio ambiente com a sabedoria dos ciclos. Quero comprometer-me com projectos de transformação social, com pessoas empenhadas em tornar a nossa comunidade humana, mais…..humana. Tenham elas 16, 45 ou 80 anos. Quero, todavia, fazer isso activamente, de maneira comprometida, um dia após outro, focada no que é possível fazer agora.

Portanto, senhores anunciantes, acordem: estamos experimentando a revolução da longevidade. Esta nova geração de idosos tem muita vida pela frente e está a apostar numa longevidade sustentável. Está reinventando-se para tirar proveito dos próximos 20 anos. Já sabemos que caminhar faz bem, que fritos aumentam o colesterol, que há velhinhos surfistas. Invistam as vossas verbas em anúncios, programas, portais inteligentes, que nos tratem como pessoas ávidas por informação qualificada; despertas, curiosas, prontas a compartilhar tudo o que fizeram e viveram e aptas a desbravar esse mundo maravilhoso que se renova diariamente.

 

  1. “Crowdsourcing” (em português, colaboração colectiva). Processo de obtenção de serviços, ideias ou conteúdo mediante a solicitação de contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, de uma comunidade online, em vez de usar fornecedores tradicionais ou uma equipe de empregados. Trata-se de um recurso frequentemente utilizado para dividir trabalhos entediantes.
  2. Do latim nodus (“nó”), o termo nodo admite diversas acepções nas áreas da astronomia, da física, da informática e da medicina. No caso ora citado (informática) um nodo é um componente que faz parte de uma rede. Na Internet, cada servidor constitui um nodo. Os computadores que fazem parte de uma rede também são nodos.
  3. "Mindfulness" (em português Consciência Plena) é um estado mental de controlo sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, actividades e sensações do presente.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antga ortografia.

 

Texto adaptado do original de Denise Ribeiro.

Denise Ribeiro é jornalista e mediadora de conflitos. Gosta de política e cinema,  conversas entre amigos, de gente bem humorada e de comunicação não-violenta.

 

 

Ser feliz é uma decisão de cada um

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Uma senhora de noventa e dois anos, delicada, bem vestida, com o cabelo bem penteado e um semblante calmo, precisou se mudar para uma casa de repouso. O seu marido havia falecido recentemente e a mudança foi necessária, pois ela era deficiente visual e não havia quem pudesse ampará-la   na sua casa. Foi acompanhada  por uma neta  que lhe era muito dedicada.

Após algum tempo aguardando pacientemente na sala de espera, a enfermeira veio avisá-las que o quarto estava pronto. Enquanto caminhavam, lentamente, até o elevador, a neta, que já havia verificado os novos aposentos da avó,  fez-lhe  uma descrição visual de seu pequeno quarto, incluindo as flores na cortina da janela. A senhora sorriu docemente e disse com entusiasmo:

- Eu adorei!

- Mas a senhora nem chegou ao quarto, observou a enfermeira.

Ela não a deixou continuar e acrescentou:

- A felicidade é algo que decidimos antes da hora. Se eu vou gostar do meu quarto ou não, não depende de como os móveis estão arranjados, e sim de como eu os arranjo na minha mente. E eu já me decidi gostar dele...

E continuou:

- Gostar do que quero gostar é uma decisão que tomo a cada manhã, quando acordo. Eu tenho duas escolhas, posso passar o dia na cama remoendo as dificuldades que tenho com as partes de meu corpo que não funcionam há muito tempo, ou posso sair da cama e ficar grata por mais este dia. Cada dia é um presente, e os  meus olhos abrem-se para o novo dia das memórias felizes que armazenei...

A velhice é como uma conta no banco, minha filha... donde só se retira o que se colocou antes. 

A lição de uma pessoa idosa e sem a visão dos olhos físicos é de grande profundidade e contém ensinamentos valiosos. E o primeiro deles é que a felicidade é uma decisão pessoal.

Depende mais da nossa disposição mental do que das circunstâncias que nos rodeiam.

Cada pessoa tem, na intimidade, o potencial de armazenar as belezas que deseja ver na sua tela mental, ainda que, ao seu redor, a paisagem seja deprimente.

Para isso é preciso construir um mundo de felicidade nesse banco de lembranças que Deus ofereceu a cada um de Seus filhos.

E quando se constrói um mundo de paz e felicidade, portas adentro da alma, é possível compartilhar essa realidade com aqueles que nos cercam.

Se não temos na nossa vida os enfeites que desejamos, arranjemos tudo isso na nossa mente. É uma forma de ver as coisas com olhar positivo e optimista.

Além disso, como toda a criação começa na mente, é bem possível que venhamos a concretizar esse sonho alimentado na alma.

Se ainda não havia pensado nessa possibilidade, pense agora.

Comece, sem demora, a depositar felicidade na conta do banco das suas lembranças, para poder resgatá-las  sempre que desejar.

Se abrir a janela, pela manhã, e os seus olhos físicos puderem ver apenas paisagens deprimentes, abra as janelas da alma e contemple um jardim em flor.

Respire fundo e sinta o perfume do jasmim, das rosas e dos  cravos, ouça o canto dos pássaros que voam, ligeiros, pelo ar.

Perceba a brisa acariciando o seu rosto e desfrute o canto dos grilos e das cigarras que cantam para alegrar as suas horas.

Decida ser feliz, ainda que seja uma felicidade que é decidida só por si.

E, lembre-se sempre: a felicidade não depende de como as coisas estão arranjadas, mas de como cada um as arranja na sua mente.

 

 Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

Fonte: https://www.soberrecovery.com/forums/

Imagem : Web

Encerrando ciclos

O texto “Encerrando Ciclos” faz um relato de fases na nossa vida e de como devemos aprender a aceitar cada uma delas, aceitar que elas passem. Fala do sentimento de perda que todos um dia temos, e de que a maioria não sabe lidar com ele.

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Encerrando ciclos 3

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho?

Terminou uma relação?

Deixou a casa dos pais?

Partiu para viver noutro país?

A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Pode passar muito tempo perguntando-se por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo, enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: os seus pais, o seu marido ou sua esposa, os seus amigos, os seus filhos, os seus  irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo no nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está a jogar nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam o seu esforço, que descubram o seu génio, que entendam o seu amor. Pare de ligar a sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso estará apenas envenenando-o, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceites, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos.

Encerrando ciclos

Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Glória Hurtado

(Nota: o texto Encerrando Ciclos é frequentemente atribuído a Paulo Coelho e a Fernando Pessoa)

 

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