Não é fácil envelhecer com graça.
Não é fácil envelhecer com graça.
Precisamos de identificar-nos com o novo corpo, com a nova pele,
com as novos sulcos, com as novas rugas, com a nossa nova realidade.
Devemos ser capazes de deixar partir a juventude, sem nos mortificarmos com isso,
percebendo que, nesta nova fase das nossas vidas, ela já não faz parte de nós.
Temos, antes, de arranjar coragem para encontrar paz interior,
para aceitarmos todas as alterações que o nosso corpo vai enfrentando:
Aquele maior cansaço que sentimos agora, sempre que saimos à noite,
ou quando vamos a uma festa,
aquela gordorinha inestética, aquele quilinho a mais,
aquela flacidez que outrora não existia, a chegada dos cabelos brancos,
mas sem permitir que cismas e aflições ocupem a nossa cabeça.
Devemos sim, renovar-nos e amarmo-nos nesta nova era,
reinventando-nos, continuando a aprender, rindo, cantando,
cometendo erros, cultivando a ironia, afastando-nos de todos
aqueles que nos magoam, que nos puxam para baixo,
escolhendo apenas aqueles que nos estimam,
que caminham ao nossos lado nos bons e nos maus momentos,
que se orgulham de nós,
que não nos provocam receios, medos, temores…
Aprendamos a envelhecer como se fossemos um bom vinho.
Aproveitemos o lado bom da vida, sem nos acostumarmos a bocejar,
a desistir, escolhendo antes, seguir sempre em frente...
Não é fácil envelhecer, mas a alternativa seria parar
e nós ainda temos muito para aprender e viver.
Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia