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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Visita à Exposição de Joan Miró, no Palácio da Ajuda

“Ó macio Tejo ancestral e mudo,

Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada,~

Lisboa de outrora de hoje!”

Álvaro de Campos in “Lisbon Revisited” - 1923

 

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Aproveitando o evento criado pela Carla Palhinhas, no nosso Grupinho Secreto, no feriado de 5 de Outubro, fomos ver a Exposição do Joan Miró, no Palácio da Ajuda.

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Antes da nossa visita à exposição do Miró aproveitamos para deambular por algumas  zonas circundantes do Palácio da Ajuda

O Palácio Nacional da Ajuda, edifício neoclássico da primeira metade do séc. XIX, foi residência oficial da família real portuguesa, desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano em que foi encerrado após a proclamação da república. Aberto ao público como museu em 1968, é especialmente expressivo como residência real da época, revelando ambientes oitocentistas e importantes colecções de artes decorativas dos séculos XVIII e XIX: dos têxteis ao mobiliário passando pela ourivesaria, e cerâmica, bem como de pintura, escultura e fotografia. A Presidência da República realiza ali algumas das mais importantes cerimónias de Estado.

Resumo 1 Blog

Para além do Palácio, a  freguesia da Ajuda possui um centro histórico mais vasto e rico que engloba diversas construções espaçadas no tempo, mas muito próximas geograficamente. A zona circundante ao palácio apresenta vestígios sobreviventes da desaparecida Real Barraca(*), paço de madeira construído após o terramoto de 1755 para albergar a família real portuguesa. O Jardim das Damas, construído a Norte do Palácio da Ajuda, compõe-se de um espaço ajardinado áulico, com cascatas e fontes e seria o único espaço exterior de acesso directo ao andar nobre do Palácio. Foi pensado para ser o jardim da Real Barraca(*) e acabou por sobreviver graças à interrupção das obras do novo palácio.

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Uma curiosidade: Numa das salas do Palácio, mais concretamente na  Sala da Física (também conhecida como Sala dos Serenins) anexo sobrevivente da Real Barraca(*), que  fez parte da Biblioteca da Ajuda, teve aí o seu gabinete de trabalho  Alexandre Herculano .

 

A Torre do Galo e a Real Barraca da Ajuda (*)

(Um pouquinho de história)

 

Porque o destino sempre se impõe à realidade, o desastre fatídico que destruiu a cidade de Lisboa no dia 1 de Novembro de 1755, não afectou directamente o Rei nem a Família Real, mas o monarca, que imediatamente visitou a cidade para tomar nota dos estragos produzidos, ficou bastante abalado psicologicamente pelo cataclismo.

Regressado a Belém, zona considerada de menor actividade sísmica, afirmou categoricamente que nunca mais voltaria a viver em edifícios feitos de alvenaria e pedra.

Para resolver a situação, e ainda com medo de eventuais réplicas que ainda devastassem mais a cidade, o Rei mandou construir, na Quinta da Ajuda, um enorme palácio real, feito de madeira e de materiais leves, cuja estrutura marcou de forma indelével a paisagem e o imaginário lisboeta durante muitos anos.

O palácio de madeira, ficou conhecido popularmente como a Real Barraca,

Belém_e_Ajuda_-_Vista_e_perspectiva_da_Barra,_Costa_e_Cidade_de_Lisboa_(Bernardo_de_Caula,_1763)

Agregada ao palácio abarracado, foi também construída uma Capela Real, que tinha como principal função substituir a Igreja Patriarcal que tinha sido bastante abalada pelo terramoto. A Capela Real integrava o único apontamento em alvenaria existente no conjunto original.

 

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 A Torre do Relógio foi construída ao lado da capela real, sendo hoje uma imagem de marca do Bairro da Ajuda, que conta com o galo em ferro forjado, que encima a torre como seu símbolo heráldico, a Torre da Ajuda causa estranheza a quem dela se acerca sem conhecer a sua história. A sua monumentalidade assenta numa altura de muitos metros, que a faz sobranceira ao próprio Palácio Nacional. A torre integra oito sinos que dão corpo à sua estrutura principal e, na cúpula, é o cata-vento em forma de galo, feito em ferro forjado, que lhe dá o cunho de estranheza que a torna tão imponente…

 

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Após esta pequena visita ao exterior do Palácio centremo-nos no móbil do nosso evento: Visita à exposição designada :  ‘Joan Miró: Materialidade e Metamorfose’.

A exposição inclui um conjunto de 85 obras de Joan Miró, na sua maioria desconhecidas do público, incluindo seis das suas pinturas sobre masonite de 1936 e também seis sobreteixims de 1973 e debruça-se, de forma particular, sobre a transformação das linguagens pictóricas que o artista catalão começou a desenvolver em meados dos anos 1920. abordando as suas metamorfoses artísticas nos campos do desenho, pintura, colagem e trabalhos em tapeçaria.

 Abaixo algumas das obras expostas .

Resumo Blog 4

Resumo Blog 5

Resumo Blog 7

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Nos elementos do Grupo houve diversas opiniões em relação aos trabalhos expostos. Houve quem gostasse francamente e quem gostasse menos. 

Para mim as obras de Joan Miró, apesar de surrealistas, são marcadas por uma simplicidade que as diferencia da maioria dos pintores da sua época. Dizem que durante o período em que estudava na Escola de Belas Artes de Barcelona, Miró treinava a sua pintura tentando desenhar objectos de olhos vendados, reconhecendo-os apenas pelo tacto. Miró justificava o uso desta técnica para se libertar da imagem real das coisas. Miró também treinava pintando paisagens que gravava na sua mente, levando-as para a tela imediatamente após chegar ao seu atelier. Estes exercícios fizeram, ao longo do tempo, com que Miró fosse reconhecido como uma mente privilegiada.

Joan Miró tinha a sua maneira própria de interpretar o mundo e nos seus quadros procurava mostrar a sua realidade de uma forma simplificada. Nalgumas das suas obras, como “Personagem atirando pedras a um pássaro”, (esta obra não faz parte desta  Exposição) por exemplo, o “personagem” ao qual o artista se refere possui uma forma similar à de um pássaro, mas na imagem existe outro ser que muitos interpretam como sendo o pássaro, pois está a voar, o que faz com que cada um interprete o “personagem” de uma maneira diferente.

Nas obras de Joan Miró também é possível perceber uma grande quantidade de símbolos, personagens e figuras, o que faz com que o observador precise de usar a sua imaginação para compreender o que o artista desejava transmitir ao criar a sua própria interpretação.

Uma última imagem antes de deixarmos o Palácio

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E estava concluida a primeira parte do nosso programa. Fomos de novo até ao Jardim fronteiro ao Palácio para, aí, tirarmos a fotografia da praxe, em grupo.

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Da esquerda para a direita : Hugo MartinsPereira, Ana Rita, Ramalho, Carla Palhinhas, Cândida Bota, Nelson Craveiro, Pedro Ribeiro e Sofia Ribeiro. Nesta imagem não estão a Carmen Duarte Ferreira, que ainda estava a ver a Exposição (chegou mais tarde) e o José Batista, que só se encontrou connosco no Restaurante.

 

Com isto já eram quase 14H00 e os nossos pobres estomagos desesperavam pelo almocinho, dado o adiantado da hora. Mal sabiam que teriam de esperar, ainda, duas longas horas.

Seguimos para Belém, à descoberta de poiso para os "morfos", e, depois de uma angustiosa procura de local para arrumar os bólides, lá marchamos para o Restaurantes das Queijadas de Belém. O almoço foi muito animado, e ainda deu para vermos uma Manif de Professores. Neste meio tempo, o nosso Batistinha apareceu para animar ainda mais o nosso convívio.

A refeição foi agradável e a relação preço qualidade do restaurante muito aceitável. Só foi pena a desesperante espera, primeiro de mesa para nos sentarmos e depois pela chegada dos pratos. Mas no computo geral foi muito agradável.

Almoço em Belém

Após o nosso almocinho lá seguimos, rumo ao último destino do dia, mas pelo nosso caminho ainda deu para ver...

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(a  nossa querida Carmen Duarte Ferreira)

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By Cândida Bota 1

 alguns dos elementos do Grupo

By Cândida Bota

... sem nos esquecermos de que  ...

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Tomámos boa nota !!!!

 

Mas a decepção estava reservada para o final do dia.

Tinhamos decido rematar o nosso encontro, com uma ida ao antigo Restaurante Panorâmico, situado no Parque Florestal de Monsanto, e há muito encerrado e abandonado, para fazermos alguns cliques, no local que muitos consideram ter, eu incluida, uma das mais deslumbrantes vistas sobre a cidade de Lisboa.

Vista a partir do antigo Restaurante Panorâmico de Monsante, by Pedro Ribeiro.

Vista a partir do antigo Restaurante Panorâmico de Monsante, by Pedro Ribeiro.

Para além da possibilidade de tirar algumas fotografias, tenho de confessar que, como inúmeras outras pessoas, tenho um enorme fascínio por edifícios abandonados. O mistério, a energia e o misticismo ligados a estes espaços encantam-me e o Restaurante Panorâmico de Monsanto tem uma mistica muito especial para mim, já que cresci, relativamente perto da sua localização.

Panorâmico abandonado (2)

Situado em Monsanto, na estrada da Bela Vista, como já referi acima, o edifício que tem painéis de Mestre Querubim Lapa (outra das minhas referências de juventude) e azulejos de Manuela Madureira,  foi mandado construir pela Câmara Municipal de Lisboa, em 1967.

Imagens de Querubim Lapa no Restaurante Panirâmico de Monsanto

Abriu um ano depois, em 68, sendo à época considerado um dos mais luxuosos edifícios da capital e de Portugal e era muito frequentado pelas élites do Estado Novo e, durante décadas, recebeu muitos famosos como o já falecido David Bowie.

Panorâmico do Monsanto- Lisboa- 1973.  Vasco Gouveia de Figueiredo- in Arquivo Fotográfico da C.M.L.

 Restaurante Panorâmico do Monsanto, Lisboa, 1973. / Vasco Gouveia de Figueiredo, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.

 

Encerrou definitivamente em 2001 e, desde então, sucessivas e intensas vandalizações  levaram-no a um estado de degradação deplorável.

Degradação Panorâmico by José Batista

 Actual estado de degradação do antigo Restaurante Panorâmico de Monsanto, by José Batista.

Felizmente, desde o início de Setembro foi declarado um miradouro, oficialmente reconhecido pela Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido estabelecidos horários de abertura e encerramento.

E é aqui que mora o nosso desgosto. Se por um lado gostámos de saber que o local está agora mais salvaguardado, pelo facto de a partiir de determinada hora já não ser possível a sua visita, por outro cerceou-nos a possibilidade de visitá-lo, neste dia.

Enfim, agendaremos uma visita, no futuro.

E era hora das despedidas.

Despedidas

O meu agradecimento às amigas e amigos que me acompanharam neste dia fantástico de camaradagem e amizade: Ana Rita Ramalho, Cândida Bota, Carla Palhinhas, Carmen Duarte Ferreira, Hugo MartinsPereira, José Batista, Nelson Craveiro e Pedro Ribeiro, e também à Sofia Ribeiro, embora só no periodo de visita à Exposição.

 

E até sempre

 

Imagens: várias de todos os elementos do grupo, já identificados.

Fontes : 

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72758

 http://lisboamonumentos.webnode.pt/products/torre-do-galo/

 http://www.palacioajuda.gov.pt/pt-PT/atividades/ContentDetail.aspx?id=926

 

 

Mandy MartinsPereira escreve de acordo com a antiga ortografia.